O EAL 2019 está à porta!

II Encontro Anarquista do Livro decorrerá entre os dias 25 e 28 de Abril de 2019, no CSA A Gralha, no Porto.
Num contexto marcado pela crescente capitalização da cidade, de manutenção de oligarquias económicas, intelectuais e artísticas, de desigualdades estruturais e de institucionalização das lutas sociais, o EAL 2019 será um espaço para o pensamento crítico e a (auto-)reflexão, a difusão de ideias e práticas anti-autoritárias, o intercâmbio auto-gestionado de saberes e fazeres, a visibilização de projectos colaborativos e autónomos que se recusam a fazer parte do circuito capitalista da produção livreira e editorial, assim como para a preservação da memória histórica e o reforço de redes de afinidade.

Nesta segunda edição, abordaremos as diferentes modalidades das estruturas de aprisionamento do Estado e do capital que continuam a apropriar-se, excluir e matar (simbólica e/ou materialmente) determinados corpos: os das mulheres encarceradas pelo complexo industrial prisional, os das pessoas refugiadas encurraladas às portas da Europa Fortaleza, os dos animais não-humanos explorados nas indústrias agro-pecuárias. Procuraremos conhecer melhor o movimento dos Coletes Amarelos, que surgiu no final de 2018, através das lentes dxs companheirxs da Federação Anarquista francófona. Falaremos também das fragilidades das “soberanias democráticas” e da voracidade imperialista/neo-extractivista das chamadas potências económicas no sul global, focando especificamente no impacto das fake news no aprofundamento da crise na Venezuela. Teremos um momento de encontro e de escuta activa sobre cuidados de saúde para companheirxs em lutas anti-autoritárias, no sentido de estimular o auto-conhecimento, a autonomia dos corpos, o respeito e a solidariedade. As nossas propostas para o EAL 2019 incluem ainda a apresentação de livros que nos fazem revisitar a memória histórica, uma oficina de encadernação DYI/FTM e concertos. Contará com a participação de mais de vinte bancas de livrarias, editoras e distribuidoras.

Mais uma vez, esperamos reunir, partilhar e fomentar processos de resistência e combatividade social, comunitária, política e económica. E razões não nos faltam: o capitalismo neoliberal que continua a minar-nos as possibilidades de auto-determinação, a extensão dos projectos neocoloniais, a branquitude inquestionada que se materializa em diferentes formas de opressão (racismo, islamofobia, ciganofobia e xenofobia), a renovação do fascismo e a extensão da extrema direita, a manutenção das estruturas cisheteropatriarcais, a repressão policial, a supressão/precarização/mercantilização das vidas humanas e animais, entre outras.

Não nos faltam razões, nem a nossa necessidade e vontade de resistir se esgotam. Continuamos a resistir aqui e a solidarizar-nos com os movimentos urbanos contra a gentrificação e pelo direito à habitação e à cidade; as lutas contra a exploração de gás, o fracking e a poluição do Tejo; os projectos de anti-consumo e de soberania alimentar; o repovoamento de zonas rurais; a criação de eco-aldeias e as lutas populares contra o eucalipto; a produção de média alternativos; a multiplicação de Zonas A Defender (ZAD) e de espaços autónomos e auto-geridos. Não esquecemos também os movimentos indígenas; a experiência de Rojava; a resistência palestiniana contra a ocupação israelita; as lutas contra Bolsonaro; as lutas anti-racistas; a resistência camponesa contra o agro-negócio; o movimento anti-fascista; as resistências queer e transfeministas; o crescente movimento anti-especista; o combate ao primado da tecnologia e da ideia de progresso, entre muitas outras.
Não há transformação social sem auto-gestão, apoio mútuo, autonomia e radicalidade. Ousemos reflectir, ousemos lutar!

Programa completo aqui.

Programa completo do EAL 2019!

II Encontro Anarquista do Livro – Porto
25, 26, 27 e 28 de Abril de 2019
CSA A Gralha (Travessa Anselmo Braamcamp, 74)

 

>> Programa completo <<

DIA 25 | Quinta-feira

15h30 | Abertura das bancas

20h | Jantar vegano

20h30 | Cosmos Animado – curtas de animação internacionais

“Brincar ao modo de produção e ao modo de vida. Brincar ao quotidiano, aos sonhos e pesadelos. Brincar ao que somos, ao que quereríamos ser, ao que querem que sejamos. Brincar ao conflito e à cooperação, ao apoio mútuo e à ambição, às coisas deste e do outro mundo. VJMutante apresenta aqui “Cosmos Animado”, uma selecção de curtas de animação internacionais em modo de vídeo jockey, para um público adulto ou um público muito jovem.”

21h | “Animais, carne e leite bovino na cultura dominante”, de Rui Pedro Fonseca
Apresentação de livro com o autor

“Nas representações culturais, os animais vivem livres, felizes, e interagem harmoniosamente uns com os outros nos prados verdejantes ou nas bucólicas montanhas. Contudo, estas idílicas construções apresentam-se desfasadas das realidades experienciadas por indivíduos não-humanos que são diariamente explorados, serializados, coisificados e mortos pela indústria agropecuária.”

DIA 26 | Sexta-feira

16h30 | Abertura das bancas

17h | Feminismo anti-carcerário
Conversa com a editora Lua Negra

“A Lua Negra é um coletivo editorial que aborda a interseção entre o feminismo e a abolição das prisões. Nesta conversa iremos apresentar as zines já publicadas e a mais recente zine do coletivo intitulada “Justiça Transformativa: uma conversa com Mariame Kaba”. Alguns dos tópicos a abordar serão: violência sexual, punitivismo, justiça heteropatriarcal, abolicionismo, justiça transformativa e processos de responsabilização comunitária.
Todas as zines do coletivo irão ficar brevemente disponíveis em formato digital na página do evento.”

20h | Jantar vegano

21h | Concerto
Tasc0
“Rap nascido em Leiria, adornado por instrumentais algo ecléticos para experimentar sonoridades menos comuns.”

22h30 | Dj set
Colectivo Rata Dentata
A Rata Dentata é um colectivo não-misto transfeminista, anti-especista, queer e libertário.

DIA 27 | Sábado

10h30 | Abertura das bancas

11h | Fáztelo!
Oficina de encadernação DIY/FTM dinamizada pela editora Ké Animal Es Ese Gato

Fáztelo é uma oficina itinerante para maketar, imprimir e encadernar num ambiente de troca criativa e de autogestão.

14h | “Les Gilets jaunes: Points de vue anarchistes”
Apresentação de livro com Monica Jornet, das Editions du Monde Libertaire

“O movimento dos Coletes Amarelos surgiu a 17 de Novembro de 2018 contra o aumento dos preços dos carburantes em França. É um fenómeno novo que interpela e interessa tanto xs historiadorxs como xs jornalistas ou ainda os partidos políticos. Xs anarquistas sentem-se indubitavelmente envolvidxs com este movimento alheio a partidos e instituições.
Monica Jornet, enviada pelas Éditions du Monde Libertaire (editora da FA), recolheu pontos de vista de membros da Federação Anarquista francófona de forma a fazer luz sobre o movimento: Porque é que há uma diversidade de interpretações no seio da FA? Revolta ou revolução? A favor ou contra? Que pensar do movimento quando se é anarquista? Como explicar a participação de algumxs anarquistas e outrxs não? Devemos juntar-nos?
Monica responderá a estas perguntas e a outras durante a apresentação do livro para ficarmos a conhecer melhor o movimento dos Coletes Amarelos e os debates que suscita entre xs anarquistas.”

16h | Refugiadxs e Europa Fortaleza
Conversa com Hibai Arbide Aza (jornalista, Grécia)

“A União Europeia deu por terminada a crise dos refugiados. Quem o afirma é o Eurostat com base nos dados da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (FRONTEX). A FRONTEX garante que entraram 150 mil pessoas na União Europeia irregularmente em 2008, o valor mais baixo em cinco anos. Em 2015, foram mais de um milhão e até hoje continuam a chegar milhares de pessoas à Grécia e ao Chipre. Os pedidos de asilo na União Europeia registaram um declínio no ano passado, tendo alcançado níveis verificados antes da crise migratória da Europa em 2015, segundo a agência de estatísticas da UE.
O facto de a UE concluir que a crise terminou faz com que não atribua fundos adicionais. Embora a Europa considere que a situação está a estabilizar-se, morreram mais crianças na guerra da Síria em 2018 do que nos sete anos anteriores.
Na Grécia, mais de 70 mil pessoas refugiadas estão encurraladas desde que a Europa decidiu fechar as fronteiras em 2016. Cerca de 20 mil destas pessoas vivem num dos 50 campos de refugiados que foram abertos nos últimos três anos. Os campos situados nas ilhas são estruturas terríveis onde os direitos das pessoas refugiadas são violados todos os dias, as mulheres são expostas diariamente à violência sexual e as crianças vivem em condições de superlotação, sem possibilidade de ir à escola. São “refugiados” aos quais a Europa não dá refúgio.”

18h | Venezuela, entre naufrágios e Fake News
Conversa com a editora Ké Animal Es Ese Gato

“Nunca antes a Venezuela gerou tantas manchetes e notícias na imprensa, impressa e digital, rádio e televisão em todo o mundo como acontece hoje. Cada uma dessas notícias mostra um desejo descarado de manipulação que coexiste com outra corrente de desinformação que confunde e satura o destinatário da mensagem, incidindo diretamente sobre o desejo e a necessidade de que cada pessoa tenha de compreender uma possível “realidade”.
O discurso com mais poder e presença, somado ao background cultural e político de cada pessoa, devora-nos, na sua tentativa de adicionar seguidores a um dos dois lados principais em disputa pelo Poder. Esta conversa procura refletir sobre o impacto que as Fake News tem no aprofundamento da crise na Venezuela.”

20h | Jantar vegano

21h | Concertos

Pedro Diana Pedro Diana

“Nem tanto ao lar nem tanto à guerra

São meio freaks mas armam-se em punks
São meio punks mas armam-se em Woody Guthrie
São meio Woody Guthrie mas armam-se em Brigitte Fontaine
São meio Brigitte Fontaine mas armam-se em Zeca Afonso
São meio Zeca Afonso mas armam-se em DADA
São meio DADA mas armam-se em doodoo
São meio doodoo mas armam-se em Didi
São meio Didi mas armam-se em Pedro e Diana
São meio Pedro e Diana mas armam-se em Diana e Pedro
São meio Diana e Pedro mas armam-se em anti-militaristas
São meio anti-militaristas mas armam-se.”

Sharp Knives

“Sharp Knives é uma banda anarco-folk punk de Lisboa.
Transpondo as nossas esperanças, medos, dúvidas, frustrações, inconsistências e sonhos para palavras, gritando-os em voz alta como empoderamento, viajando e tocando, esperamos criar uma rede de afinidade de amigxs & companheirxs, resistindo juntxs contra todas as formas de autoridade, coerção e opressão.”

Giz Medium
DIY punk label & infokiosque from Marseille.

DIA 28 | Domingo

10h30 | Abertura das bancas

11h | Roda de partilha: Cuidados de saúde para companheirxs em lutas anti-autoritárias
Actividade dinamizada pelo Go.S.A – Grupo Saúde Anti-autoritária

“Com esta actividade propomos um primeiro momento de encontro e de escuta activa entre todes es companheires presentes; abordando um conjunto de temas gerais ligados às preocupações de saúde que sentimos nas nossa lutas e espaços.
Apesar de algumas das questões que pretendemos levantar serem dúvidas e necessidades com as quais todes, no nosso meio social, lidamos diariamente, achamos ainda assim importante que encontrem um eco específico nos espaços de lutas que construímos e que frequentamos. De forma a que o autoconhecimento, a autonomia dos corpos, o respeito e a compreensão pelos mesmos, e a solidariedade, se tornem a receita que mais utilizamos para levar a cabo as nossas lutas e para não reproduzirmos, nas nossas vidas e nos nossos meios, os ditames que aprendemos a partir do, e que nos impõe, o sistema de saúde dominante – autoritário e agressor.
Vem reunir connosco! Traz questões, leituras e fala com xs tuxs amigxs interessadxs!
e, até lá,
Cuida-te Compa”.

15h | “Pensar, experimentar la exterioridad”
Apresentação de livro com Ediciones de La Torre Magnética/Grupo Surrealista de Madrid

“(…) a questão da exterioridade concretiza-se numa série de experiências e reflexões que podem ser localizadas em três áreas espaciais diferentes: naqueles lugares que ainda identificamos, não sem inquietude, com a natureza; na mesma cidade que se acreditava ser o coração e o cenário favorito da besta capitalista; e também nos arredores e nas periferias da metrópole. Lugares mas também experiências e sensações vitais, instituições do imaginário, a condição estrangeira daquele que se sente fora do lugar da economia que, por sua vez, o situa fora, o território em luta que, como a ZAD, se desvia absolutamente da dominação que proclama a secessão da sua exterioridade.
Qual é que seria, em última instância, o sentido, o valor e a urgência dessas experiências de exterioridade, tão subjetivas quanto comuns, tão deslumbrantes quanto quotidianas, tão transcendentais quanto humildes e frágeis? Pôr em questão, em primeiro lugar, a vitória amarga da sociedade industrial e a sua hipertrofia tecnológica ao longo de toda a realidade material exterior e interior, e reacender o fogo da poesia, descoberta e verdadeira vida que promete a exterioridade. Este livro pretende dar um passo em frente na elucidação e na exaltação dessa promessa.”

18h | “Surgindo vem ao longe a nova aurora: Para a história do diário sindicalista A Batalha (1919-1927)”, de Jacinto Baptista
Apresentação de livro com a Livraria Letra Livre

“Publicado em 1977 pela Livraria Bertrand, e desde há muito indisponível, “Surgindo Vem ao Longe a Nova Aurora: Para a história do diário sindicalista A Batalha (1919-1927)”, de Jacinto Baptista, conta a heróica história do jornal anarco-sindicalista português “A Batalha”, e a sua reedição é mais um contributo da Letra Livre para resgatar a memória da luta do proletariado português ainda livre e deste seu órgão tão importante no primeiro quartel do século XX.
Criado em 1919 e chegando a ser diário (e o terceiro diário mais lido da população lisboeta), em 1927 as suas instalações foram destruídas pela polícia. Ainda assim, “A Batalha” foi sendo editada de forma irregular e clandestina até ao final da década de 1940. Depois do 25 de Abril voltaria a aparecer, agora como jornal anarquista.”

19h | “Autobiografia de Manuel Martinez”, de Eduardo Romero
Apresentação de livro com a Livraria Letra Livre

“Livro sobre a personagem de Manuel Martinez, que pode ler-se como a história subterrânea de toda uma geração de inadaptados sociais; jovens de bairro que enfrentaram uma maquinaria repressiva que não desapareceu com a morte do ditador. As peripécias da sua vida podem ler-se também como uma contra-história de Espanha – dessa Espanha selvagem – da segunda metade do séc. XX, que passou do tardofranquismo a uma democracia de consumidores.
Manuel foi um dos milhares de jovens que sofreram a aplicação da Lei de Perigosidade Social, e que sairá da prisão convertido em expropriador.
Não é mais um livro carcerário, nem a história de Manuel Martínez é a história de um herói (em certas ocasiões é mais um anti-herói). É a narração da vida nos arredores de Madrid antes e durante o desenvolvimentismo franquista, da reclusão de Manuel durante década e meia em todo o tipo de instituições de detenção e da sua participação na Coordenadora de Presos em Luta (COPEL).
Este testemunho é também a história das mães de presos que se organizaram antes deles para lutar pelos seus direitos. É a história da migração interna e da urbanização vertiginosa, dos bairros de lata e de los blocos de habitação, dos hippies e dos yonquis, da vida «depressa, depressa». A história, também, do exílio, porque Manuel Martínez teve que seguir para a América Latina, onde, sobretudo no Brasil, viverá alguns dos momentos mais felizes da sua vida numa pequena comunidade de refugiados de Espanha e Portugal.
Eduardo Romero é membro do coletivo social e editorial Cambalache, fundado em Oviedo no ano 2003. É autor da novela “En mar abierto” e do relato “Naiyiria”, ambos publicados em 2016. Escreveu numerosos livros dedicados à crítica de la política migratória, entre eles: “Quién invade a quién. Del colonialismo al II Plan África” (2011), “Un deseo apasionado de trabajo más barato y servicial. Migraciones, fronteras y capitalismo” (2010), “A la vuelta de la esquina. Relatos de racismo y represión” (2008).”

(i) Lista solidária de apoio a presxs políticxs:
Durante todas as actividades do EAL 2019, será disponibilizada uma lista solidária com informação sobre companheirxs que estão presxs actualmente, bem como será distribuído um conjunto de orientações sobre como lhes endereçar cartas de apoio.

(ii) Política de espaço seguro:
Não serão tolerados atitudes, comportamentos e linguagens que veiculem machismo, racismo, xenofobia, LGBTfobia, capacitismo, ageísmo, especismo e/ou qualquer outra forma de dominação.

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Bancas confirmadas:

Aldarull Llibreria (Barcelona)
Ardora sediçons anarquistas (Galiza)
Barricada de Livros
Biblioteca BOESG
Centro Internacional de Pesquisa sobre o Anarquismo (CIRA, Marseille)
Ediciones de La Torre Magnética (Madrid)
Edições Lua Negra
Editions du Monde Libertaire
FIBRA – Frente de Imigrantes Brasileiros Antifascistas do Porto
Gato Vadio
GERA – Grupo Erva Rebelde Anarquista/ Publicações CasaViva/ GAP – Grupo Acção Palestina
Go.S.A – Grupo Saúde Anti-autoritária
Jornal Mapa
Ké Animal Es Ese Gato
Librería Eleutheria (Madrid)
Livraria Letra Livre
Livraria Utopia
Novas da Galiza
OFICINA ARARA
Pandorca Distro/Colectivo Rata Dentata
Piri Lampa .bixu ArteSana.
Terra Viva / Terra Vivente A.E.S
Tortuga

AnarcoBingo! | Benefit para o EAL 2019

Bingaristas de todo o mundo, jogai!

O Encontro Anarquista do Livro tem a honra de apresentar a estreia mundial de AnarcoBingo, um jogo que promete revolucionar o mercado de apostas até à destruição total das betclics e das santas casas da misericórdia deste mundo.

Vem aproveitar o fim de tarde nesta encosta portuense com vistas privilegiadas para as várias gruas que vão recondestruindo o centro do Porto, participa – jogando – nesta estreia mundial do AnarcoBingo e fica para jantar.
Haverá anarco-prémios jeitosos!

18h00 – Anarco-Bingo
20h30 – Jantar musicado

O AnarcoBingo é uma actividade de angariação de fundos para o Encontro Anarquista do Livro 2019 (Porto), que decorrerá entre os dias 25 e 28 de Abril, n’a Gralha.
Aparece!

i-) Condições de acessibilidade:
Em termos de acessibilidade a pessoas com diversidade funcional, convém referir que a estação de metro de São Bento é a mais próxima. Da saída do metro até ao local, a distância é de 450 metros.
O espaço desta actividade está localizado numa travessa com inclinação muito acentuada e com solo irregular. A casa de banho não está preparada para pessoas com diversidade funcional (i.e., a sua largura é convencional, não possui barra lateral de apoio e a largura das portas não é suficiente para garantir a manobrabilidade de cadeiras de rodas, por exemplo).

Benefit para o II EAL 2019: Voltairine de Cleyre e O Riso da Acauã

No próximo sábado, às 17h30, no Gato Vadio, organizaremos a primeira actividade de angariação de fundos para o Encontro Anarquista do Livro – Porto (25-28 de Abril). Será apresentado o livro “Escrito(s)-a-vermelho”, uma antologia de textos e poemas de Voltairine de Cleyre (ed. Barricada de Livros). Contaremos ainda com a participação d’ “O Riso da Acauã”, um projecto de poesia e bateria.

Escrito(s) – a – vermelho
Antologia de textos e poemas de Voltairine de Cleyre | edição Barricada de Livros

Voltairine de Cleyre (Leslie, 1866 – Chicago, 1912) foi uma das mais activas e influentes figuras do conjunto de mulheres e homens, autóctones ou emigrantes, que corporizaram o movimento anarquista norte-americano da sua época. Mulher, Feminista, Anarquista, Voltairine introduziu uma perspectiva anarquista no feminismo da época, incorporando-lhe uma carga de radicalidade e de modernidade que este não possuía e, simultaneamente, deu uma perspectiva feminista ao anarquismo, num tempo em que a acção e a importância da mulher activista eram apagadas ou desconsideradas, como infelizmente ainda acontece, mesmo entre libertários. De extrema sensibilidade, com uma personalidade complexa e difícil, iconoclasta, espírito livre, não aceitava limites ou imposições de nada nem de ninguém. Sofrendo de problemas existenciais profundos, talvez devido à educação religiosa imposta pelo pai, acentuados pelas doenças com que se deparou, e que se traduziram numa vontade deliberada de isolamento social, numa enorme tristeza e em pouca vontade de viver. Toda a sua razão de existir era completamente canalizada para uma militância apaixonada, consubstanciada na defesa e na propaganda intensa das ideias anarquistas, às quais procurava dar uma profundidade e originalidade que fizeram dela um caso ímpar. Esta vontade de lutar por um mundo melhor foi, na prática, o leitmotif que lhe deu a energia e a força de vontade necessárias para ultrapassar todas as dificuldades de uma vida atormentada por problemas de saúde. Morreu cedo e nova, tendo por isto a sua figura caído no esquecimento, do qual só começou a recuperar já no século XXI com a edição de algumas antologias, embora sobretudo em língua inglesa. A presente antologia de inéditos em língua portuguesa proporciona ao potencial leitor a oportunidade de (re)conhecer a essência da sua obra, através de um conjunto de textos — ensaios, poemas e um conto — escritos entre 1890 e 1912, que incidem sobre diversos temas e reflectem, no fundo, as suas preocupações como mulher e activista. Lê-la é dar dignidade a uma vida passada em plena revolta contra o capitalismo, o Estado, o consumismo e a autoridade.

O Riso da Acauã
Projecto de Poesia e Bateria

Irradiando o seu riso na incomensurabilidade dos versos que se vão unindo em universos, a Acauã rasga os limítrofes dos horizontes num voo a dois, agourando em melodias as secas, os vendavais, os dilúvios das vontades consequentes dos tempos que cavalgam e, ao atravessar desertos, em êxtases profanos, arranca uma e outra e, se possível outra ainda, língua bífida dos poderes carrancudos que rastejam fervorosos para a silenciar. Voando para o combate, a Acauã ribomba ruidosas risadas, que perfuram até os olhares mais longínquos, atravessando a fronteira da casca alienante e contrabandeando a pergunta: e agora?

 

 

Chamada de propostas para o II Encontro Anarquista do Livro – Porto (25-28 de Abril de 2019)

Entre os dias 25 e 28 de Abril de 2019 decorrerá no Porto o II Encontro Anarquista do Livro, um momento de intercâmbio de material, experiências e comunicação.
Para além da importância de estreitecermos laços e criarmos redes de cumplicidade entre nós, este encontro pretende ser um espaço de difusão da nossa presença, das nossas ideias e das nossas práticas. 
Para tudo isto, lançamos o convite para que partilhem connosco esses dias com as vossas editoras e distribuidoras e também com as vossas ideias para outras coisas que achem por bem organizar.
A confirmação de presenças de bancas e a apresentação de propostas de actividades devem ser enviadas até ao dia 28 de Fevereiro de 2019 para o email encontroanarquistadolivro@riseup.net.

II Jornadas “Cidade em Revolta – Entradas e Saídas da Ruína Capitalista” | 8-9 de Dezembro de 2018

II Jornadas “Cidade em Revolta – Entradas e Saídas da Ruína Capitalista”
8-9 de Dezembro de 2018
Associação Cochiló | Porto

Nas cidades, persiste habitação degradada e insalubre e até mesmo dessa as pessoas são expulsas para dar lugar a cada vez mais numerosos alojamentos “locais” (venha viver como um operário do século XIX!, dirá o cartaz de promoção turística). Ninguém que viva do seu trabalho consegue arrendar uma casa digna que não seja na periferia e as pessoas continuam a ser empurradas para bairros “sociais”, como entulho da limpeza social em curso.

Quem resiste sofre todo o tipo de ataques por parte de proprietários e imobiliárias, desde o desaparecimento de campainhas, caixas de correio, cortes de água e luz e até visitas inoportunas e não autorizadas, e todo o tipo de pressões (in)imagináveis exercidas pelos especuladores.

A cidade é hoje, pois, um espaço de produção e de consumo sustentado por estratégias como a mercantilização das intervenções urbanísticas e da vida quotidiana da população residente. Na cidade capitalista tudo é rentabilizável: os serviços e bens essenciais são deslocados, os bairros são transformados em sítios da moda para os endinheirados, os mercados populares são gourmetizados, as praças deixam de ser espaços de comunidade, a vida é suspensa a favor dos grandes investimentos. Paralelamente, ao som insistente do camartelo, há uma maior militarização do espaço público, o estabelecimento de mecanismos de controlo da população, a implementação de sistemas de vídeo-vigilância, a imposição subtil de um modelo de bom-cidadão.

Numa altura assim, precisamos de nos juntar para falar sobre os processos de (re)construção da cidade capitalista, analisando as suas fundações históricas, as suas formas materiais e as relações de poder nela imbricadas, bem como para reflectir sobre as lutas actuais, as possibilidades de auto-organização e do apoio mútuo, e a criação de alternativas que procurem outras formas de conceber a cidade.

Eis as II Jornadas “Cidade em Revolta – Entradas e Saídas da Ruína Capitalista”.

As casas, ruas, vielas, avenidas, becos, travessas e praças revestidas de calçada, cimento ou alcatrão, que nenhum presidente construiu (cortar fitas não conta), são nossas, todas!
Tomemo-las!

Programa completo:

DIA 8 | Sábado

16h | Oficina “Que cidade queremos?” (a partir d'”Os Despojados”, de Ursula Le Guin)

“(…) cada pessoa tem em mente uma cidade feita exclusivamente de diferenças, uma cidade sem figuras e sem forma, preenchida pelas cidades particulares.” (Italo Calvino)

Propomos um caminho para pensar o Porto, a cidade onde vivemos, uma cidade que começou num “primitivo burgo, da alta Idade Média, rodeado por uma exígua muralha que apenas cingia o alcantilado morro granítico hoje designado a Sé. Era a ‘”cerca sueva'”, destruída, parece, pela invasão de Almanzor” para ser o que agora conhecemos, uma metrópole habitada por 237 591 pessoas. Partindo da descrição de uma cidade e sociedade anarquista, Abbenay, construída de raiz, no “sopé das montanhas Ne Theras”, numa narrativa de ficção científica, intitulada “Os Despojados”, de Ursula Le Guin, queremos explorar o realizável, o ideal e o impossível ao perguntar-nos: Que cidade queremos?
A oficina desenvolver-se-á em três partes. Num primeiro momento, questões simples serão apontadas no mapa da cidade, a seguir com a abordagem à cidade de Abbenay, procuraremos salientar o que gostamos, o que é pertinente ou impertinente, ou outra coisa qualquer, para depois passarmos novamente a rabiscar no mapa o que queremos para o Porto, que habitamos e vivemos, tanto a nível das infra-estruturas como dos processos de organização e decisão.

Tragam papel, cadernos e canetas, lápis ou lápis de cores porque a cidade que queremos habitar começa aí, nos rabiscos, gatafunhos, rascunhos e apontamentos!

18h | Conversa “As dinâmicas da cidade capitalista”
Pedro Duarte

Nesta abordagem às dinâmicas estruturantes da cidade capitalista, pretende-se identificar e analisar resumidamente o conjunto de mecanismos que são responsáveis pela evolução e pelo funcionamento da cidade tal como hoje a conhecemos. A ideia é que, no final da exposição, quatro ideias que subjazem ao modus operandi desta cidade se tornem mais claras: 1) é a vida privada que se reproduz no espaço público; 2) as classes não se misturam, isolam-se; 3) a cidade não se habita, consome-se; 4) toda a vida é gerida em função da eficiência.

20h | Jantar musicado

DIA 9 | Domingo

16h | Oficina de encadernação Cartoneira

A partir de uma introdução ao universo dos livros cartoneros, um movimento editorial artístico, político e social, nascido e crescido nas grandes cidades da américa do sul, vamos experimentar esse método de encadernação simples. Serão pequenas edições feitas com artigos escolhidos do livro “Cartografía de la Ciudad Capitalista” (2016), da Asociación de Estudios Antropológicos ‘La Corrala’ (ed. Traficantes de Sueños), que foram traduzidos pela organização destas jornadas. Como manda a cartoneria, a cartonage, a cartonice, os livritos vão ter capas de cartão reutilizado, intervencionadas por cada participante. Não há capa que se repita, separa já o cartão da box de vinho!
Materiais: Traz x-actos e réguas.

18h | Conversa “Para que é que nos serve a investigação social pelo direito à cidade?”
Ariana S. Cota, da Asociación de Estudios Antropológicos ‘La Corrala’

O nosso trabalho de investigação consiste, há mais de uma década, em analisar os conflitos urbanos no sentido de contribuir para: 1) a construção colectiva de ferramentas que confrontem as realidades que nos atravessam; e 2) a memória colectiva das lutas sociais a partir da autonomia política, económica e de aprendizagem e com enquadramentos teórico-práticos que atendam às necessidades e reivindicações dos movimentos sociais (o que nos faz reflectir sobre o modo como podemos construir conhecimento útil para quem está continuamente a ser excluído do direito à cidade).
A nossa investigação procura visibilizar, deslindar e confrontar um modelo que transforma a cidade num espaço desenhado e controlado para a reprodução do sistema capitalista através da implementação de três processos:
– Priorização dos valores económico-liberais no processo de ordenamento do território, convertendo os sectores empresarial e financeiro em autênticos actores políticos e dirigindo qualquer intervenção urbana para a obtenção de lucro.
– Progressiva extensão do controlo e da filosofia capitalista a todos os âmbitos do nosso quotidiano urbano (consumo, conhecimento, lazer, casa, relações afectivas, etc.).
– Replicação deste modelo em muitas outras cidades inseridas no sistema neoliberal, adaptado às particularidades de cada uma, com a conivência das instituições políticas.

Relativamente ao nosso trabalho, destacamos o seguinte:
˗ Entre 2006 e 2009, dedicámo-nos aos processos de transformação urbana em Granada (considerando a mobilidade e a habitabilidade) e à análise experimental das lutas sociais que são organizadas contra estes processos. O resultado foi “Aprendiendo a decir NO. Conflictos y resistencias en torno a la actual forma de concebir y proyectar la ciudad de Granada” (2009).
˗ Entre 2010 e 2012, debruçámo-nos sobre a implementação da cidade-marca por parte dos promotores e gestores do território, onde “o cultural” é instrumentalizado para projectar uma imagem urbana renovada que atraia o maior número de investidores e de turistas que posicionem a cidade competitivamente. Este processo resultou no livro “Transformación urbana y conflictividad social. La construcción de la Marca Granada 2013-2015” (2013).
˗ Entre 2012 e 2013, analisámos o processo de reconversão, controlo, repressão e privatização dos usos e costumes do espaço público em “¿Por qué no nos dejan hacer en la calle? Prácticas de control social y privatización de los espacios en la ciudad capitalista” (2013).
˗ No nosso trabalho mais recente, convidámos outros indivíduos e colectivos para pensar em conjunto sobre a possibilidade de falarmos de um modelo de cidade capitalista, o que resultou no livro “Cartografía de la ciudad capitalista. Transformación urbana y conflicto social en el estado español” (2016).

Por fim, ressaltamos que – além das pesquisas e das publicações – é fundamental para nós participar em espaços de encontro onde possamos partilhar o nosso trabalho/ferramentas e aprender com outras experiências, no sentido de contribuir para a amplificação de vozes, situações e conflitos, assim como para a organização colectiva pelo direito à cidade.

20h | Jantar conversado

i-) Condições de acessibilidade:
Em termos de acessibilidade a pessoas com diversidade funcional, convém referir que a estação de metro do Campo 24 de Agosto é a mais próxima. Da saída do metro até ao local, a distância é de 800 metros.
O espaço desta actividade corresponde a um rés-do-chão e está localizado numa rua com inclinação acentuada. A casa de banho não está preparada para pessoas com diversidade funcional (i.e., a sua largura é convencional, não possui barra lateral de apoio e a largura das portas não é suficiente para garantir a manobrabilidade de cadeiras de rodas, por exemplo).

I Jornadas “Cidade em Revolta: Habitação, Resistência e Apoio Mútuo” | 20-21 de Outubro de 2018

I Jornadas “Cidade em Revolta: Habitação, Resistência e Apoio Mútuo”
20-21 de Outubro de 2018
Rosa Imunda | Porto

Com os punhais
furtados ao anjo
construo o meu lugar
com a gaze das lagoas
e a pérola dos ciprestes
com a viuvez da pedra
Do primeiro salto da lebre
ao voo selvagem da minha arma
O braço não tem lar
(E. Jabès)

Nas cidades, persiste habitação degradada e insalubre e até mesmo dessa as pessoas são expulsas para dar lugar a cada vez mais numerosos alojamentos “locais” (venha viver como um operário do século XIX!, dirá o cartaz de promoção turística). Ninguém que viva do seu trabalho consegue arrendar uma casa digna que não seja na periferia e as pessoas continuam a ser empurradas para bairros “sociais” guetizados, como entulho da limpeza social em curso.

Quem resiste sofre todo o tipo de ataques por parte de proprietários e imobiliárias, desde o desaparecimento de campainhas, caixas de correio, cortes de água e luz e até visitas inoportunas e não autorizadas, e todo o tipo de pressões imagináveis e inimagináveis exercidas pelos especuladores com o fim de esvaziar a cidade das suas gentes e torná-la num parque temático.

Numa altura assim, precisamos de nos juntar para falar!

Não poderíamos deixar de pensar juntas e organizar-nos para delinear futuras acções de luta e de resistência por uma habitação em que os espaços de vida e de residência sejam definidos pelas pessoas, de acordo com as suas necessidades. Esta resistência não pode depender do Estado, do Poder local, das instituições ou dos partidos e de plataformas “amigos do povo”. Também não pode estar dependente daqueles que travam as lutas populares com propostas legalistas que vedam a participação real das pessoas afectadas pela questão da habitação, como se o Estado – que até agora pactuou e ajudou a criar a situação em que nos encontramos através de dispositivos de limpeza social, de protecção da propriedade e de negócios pouco claros – viesse agora oferecer soluções por mera bondade.

A nossa proposta é de auto-organização sem mestres, nem chefes, a constituição de comissões de moradoras sem hierarquias, nem burocracias, que encorajem a acção directa e não a recriminem como infantil, perturbadora, contra-producente, e todos os epítetos que lhe são comum e desonestamente associados.

Eis as Jornadas Cidade em Revolta: Habitação, Resistência e Apoio Mútuo.

As casas, ruas, vielas, avenidas, becos, travessas e praças revestidas de calçada, cimento ou alcatrão, que nenhum presidente construiu (cortar fitas não conta), são nossas, todas!
Tomemo-las!

Programa completo:

Dia 20 | Sábado

17h | Rede de Solidariedade de Lisboa: uma experiência de apoio mútuo

A Rede de Solidariedade surgiu em 2016, da vontade de criar um movimento de apoio mútuo e de base comunitária à volta das questões da habitação. Inspirada no modo de funcionamento e organização da PAH (Plataforma de Afectados por la Hipoteca) e da Rede de Solidariedade de Seattle (Seattle Solidarity Network), a RSL actua de forma solidária, gratuita, independente e igualitária.

19h | Cíntia & Rui (poesia e bateria)
20h | Jantar

Dia 21 | Domingo

15h30 | Stop Despejos – A acção directa no direito à habitação (Lisboa)

A Stop Despejos é uma plataforma formada em Lisboa, em 2017, para parar os despejos e defender o direito à habitação e das pessoas a permanecerem nos seus bairros, dirigida sobretudo para a acção directa.

18h | Bairro 6 de Maio – resistir até hoje (Amadora)

O Bairro 6 de Maio é um bairro auto-construído na Damaia (Amadora). Desde 2015 que os seus moradores têm enfrentado despejos sem alternativa, aos quais têm vindo a resistir até hoje.

20h | Jantar musicado